sábado, 26 de dezembro de 2009
TÍTULO: O ESCROQUE
CAPÍTULO 1
O meu curriculum como professor é considerado bom, modéstia á parte, sempre fui um mestre atento aos ensinamentos incessantes de meus alunos, além de ser um rábula contumaz, prova maior foi a carta de agradecimentos que me foi enviada pelo Secretário de Educação do Estado, destacando a minha lealdade aos preceitos ditados pelo partido a que pertencia Sua Excia., o Governador.
Lecionei por mais de trinta anos e os meus algozes, não conseguiram questionar o meu método de ensino, apesar de tentarem várias vezes. Atualmente, com o passar do tempo, sei que estou um tanto ultrapassado, tanto físicamente como técnicamente, tanto é que exponho meus pensamentos, ainda, em uma máquina Remington Rand, ano 1954 em perfeitas condições, mesmo tendo a dificuldade de encontar fita de algodão para serem colocadas nos carretéis e os dedos não serem mais ágeis, como antigamente, quando digitava, termo atual, quando datilografava, com os dez dedos com uma rapidez de cem palavras, sem erros algum, por minuto.
Vários amigos ainda acham que eu deveria continuar lecionando, pois a minha aparência ainda é jovial, mas resolvi, montar uma escola particular e acho-me livre para cuidar de minhas ambições políticas.
Sim, resolvi, tornar-me um político, pois os amigos de tanto insistirem, acabaram convecendo-me a tomar esta atitude, apesar que neste país, esta "profissão" não é bem vista.
Mas, acredito, na minha lisura moral e portanto, vou enfrentar as urnas.
Filiei-me ao partido do governador de estado e com algumas economias guardadas por todo este tempo e com a ajuda do partido e de simpatizantes, espero tornar-me um vereador.
As pessoas me conhecem pela minha lisura moral, meu empenho, pela minha frieza e reputação ilibada, quando, por vezes, fui convocado em reuniões escolares.
Tais amigos supõem que tenha esta total capacidade moral, que minhas ambições sejam fortes como uma rocha, mas gostaria que não apostassem tanto em mim.
Não devo e não posso maldizer estas afinidades deles para comigo.
Todos têm seus segredos, suas capas, que não devem serem expostas ao sol e muito menos à línguas de seus amigos, segredo é segredo, nem todos são particularmente, totalmente sãos em suas demências ocultas, ou são?
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